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Repaginação do original de 1988 sofre com influências de "Black Mirror" e "Stranger Things".
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Dirigida por Lars Klevberg, a repaginação de “Brinquedo Assassino” sofre com a influência de dois seriados da Netflix: “Black Mirror” e “Stranger Things”. Abandonada a premissa do original de 1988, em que o espírito de um serial killer possui o boneco Chucky, a inteligência artificial e a integração das mais diversas tecnologias são as vilãs desta versão. O dono do boneco também não é mais um menino de 6 anos, mas um adolescente de 13 com um grupo de “amigos” (dois vizinhos mal desenvolvidos que forçam um clima desnecessário de camaradagem). Estas duas alterações são suficientes para estragar o que havia de interessante no primeiro filme.

“Brinquedo Assassino” nunca foi uma obra prima do cinema de terror, mas apresentava um brinquedo inocente, de aparência fofa, que subvertia todo o universo infantil do menininho Andy, muito mais vulnerável e solitário. Ao transferir as ações de Chucky para um algoritmo defeituoso, o monstro não se torna mais assustador, muito pelo contrário. Não há razão para buscar doses de realismo quando o objeto do filme é, literalmente, um boneco assassino – e é importante, também, que o boneco não pareça malvado logo de cara.

Nos trailers e nos cartazes da nova versão, Chucky não aparece muito e por um bom motivo. Não é para criar mistério, mas porque o design é horroroso e, já que estamos no território do mundo real, jamais seria viável como um produto destinado para crianças. No original, Chucky se parece, de fato, com um brinquedo infantil e vai, lentamente, sendo modificado pela fúria do assassino que habita o boneco. Agora, a única transformação que o robô sofre são os olhos vermelhos quando ele pratica atos violentos. Não há surpresa, não há contradição entre a aparência e a essência do boneco.

Para uma obra que poderia satirizar o consumismo e o papel preocupante da tecnologia na vida dos mais jovens, não há muito humor. Assim como os sustos, as poucas piadas do filme também não funcionam. Aubrey Plaza, da série “Parks and Rec”, é mal utilizada, deixada de escanteio. Mark Hamill, que dá voz ao Chucky, também não tem muito o que fazer no papel de um robô. Diferente do original, não há cor, não há vida. É um filme cinzento em que nada faz sentido e nada funciona, como uma fita betamax esquecida dentro de um armário.

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