Em 2011, “Martha Marcy May Marlene”, o primeiro longa-metragem de Sean Durkin, encantou Sundance e lançou Elizabeth Olsen ao estrelato. Em “O Refúgio”, segundo filme do cineasta canadense, o espetáculo é da atriz Carrie Coon. Além das performances memoráveis, a filmografia de Durkin é marcada, até o momento, pelo gênero do drama com elementos de suspense e terror. Ambientado na década de 1980, “O Refúgio” conta a história de uma família que se muda para uma mansão inglesa, mas não há nada de sobrenatural no lugar.
Depois de fazer a vida nos Estados Unidos, Rory O’Hara (Jude Law) retorna à Inglaterra para uma oportunidade profissional, mas sua esposa Allison (Carrie Coon) e seus filhos Benjamin (Charlie Shotwell) e Samantha (Oona Roche) enfrentam dificuldades para se adaptar ao novo lar. Como uma metáfora do bem estar de seu casamento e de sua família, o cavalo de Allison fica doente – algo de errado aconteceu durante o transporte de Nova York para o Reino Unido. Aos poucos, todos os símbolos de riqueza vão se transformando em problemas.
Além do cavalo doente, o salário de Rory não é suficiente para pagar a mansão, Benjamin sofre bullying na exclusiva escola particular, Samantha é influenciada pelos novos amigos e Allison não consegue mais manter as aparências durante as festas e os jantares requintados que o marido tem de frequentar para impressionar os colegas de trabalho. Em “O Refúgio”, já disponível na Amazon Prime Video, os fantasmas não são entidades vitorianas que vagam pelos corredores arrastando correntes, mas a cobiça e o consumismo dos anos 1980.
Com a fotografia do húngaro Mátyás Erdély, o mesmo de “Filho de Saul”, Durkin utiliza a imensidão da casa para oprimir e isolar os membros da família, tornando a mansão ainda mais sombria e assustadora. Carrie Coon e Jude Law interpretam personagens genuinamente complexos, que parecem de carne e osso ao espectador. Os diálogos são inteligentes e vibrantes, ainda mais pela força de Allison. Apesar de ver o seu casamento se desintegrando, ela nunca se vê como uma coitada, o que evita com que “O Refúgio” caia num dramalhão barato.