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Com roteiro de Scott Z. Burns, filme dirigido por Soderbergh retrata pandemia.
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Scott Z. Burns é um homem ocupado. Depois de dirigir “O Relatório”, em que Adam Driver investiga os métodos de interrogação da CIA, o cineasta vem dando entrevistas sobre “Contágio”, filme de 2011 com um elenco estelar que inclui Gwyneth Paltrow, Jude Law e Kate Winslet. Dirigido por Steven Soderbergh, “Contágio” começa com uma tela preta e o som de uma tosse. Quinze minutos depois, Paltrow está deitada em uma mesa de autópsia com o crânio aberto.

A morte repentina de uma personagem interpretada por uma atriz famosa tem o intuito óbvio de chocar, assim como foi com Janet Leigh no início de “Psicose”, de Alfred Hitchcock. Como roteirista, foi Burns quem sugeriu a Soderbergh um filme de catástrofe sem alienígenas ou monstros, mas totalmente baseado em pesquisa científica. O doutor Ian Lipkin, um dos consultores de Burns, esteve recentemente na China para investigar a origem do COVID-19, o coronavírus.

Ainda que a pandemia retratada em “Contágio” seja mais mortal, há várias semelhanças entre a realidade e a ficção. As “curas caseiras” compartilhadas via WhatsApp, como fazer gargarejo com vinagre ou tomar líquidos quentes, lembram o remédio homeopático do filme, chamado de “forsythia”; há pânico, desabastecimento e aproveitadores que espalham notícias falsas, como o personagem vivido por Jude Law. Tanto no filme como na vida real, as orientações das autoridades são as mesmas: lavar as mãos, não tocar no rosto e evitar o contato social.

Em uma das cenas, o Dr. Sanjay Gupta interpreta a si mesmo e fala das medidas preventivas em um programa de televisão. Nove anos depois, ele aparece de verdade na CNN para fazer o mesmo. “Contágio” continua relevante porque Burns fundamentou o seu roteiro em quase três anos de pesquisa com o Dr. Lipkin e o Dr. Larry Brilliant, um dos responsáveis pela erradicação da varíola na década de 1960. “Muitos dos cientistas com quem eu falei disseram que era uma questão de tempo”, respondeu Burns em entrevista.

Disponível via streaming no Looke e na HBO Go, “Contágio” também escancara a necessidade de um governo que acredite na ciência e financie o conhecimento, além da obrigação que cada um de nós tem com a saúde dos outros: “Quando cientistas nos dizem algo, nós devemos ouvir. Uma das coisas bonitas que aprendi durante a minha pesquisa foi o verdadeiro significado de saúde pública[…]Até obtermos uma cura científica, nós somos a cura.”

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