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A busca obsessiva por um serial killer e o fascínio feminino pelo "true crime".
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Baseada no livro póstumo de Michelle McNamara, a minissérie “Eu Terei Sumido na Escuridão” não é como outros documentários sobre casos reais. O foco não é a apreensão de Joseph DeAngelo, réu confesso por uma série de estupros e homicídios das décadas de 1970 e 1980, mas a busca obsessiva de McNamara pela justiça. “Trata-se da perspectiva de Michelle como escritora e de sua representação das sobreviventes,” declarou a diretora Liz Garbus.

Disponível na HBO Go, “Eu Terei Sumido na Escuridão” aborda a vida pessoal de McNamara, seu processo criativo e o custo emocional de sua investigação, interrompida por uma morte repentina no ano de 2016, antes da captura de DeAngelo. “Temos uma voz feminina no centro da narrativa[…]Na forma como escolhemos filmar, era importante não tomar o ponto de vista que o assassino tinha da mulher, mas focar na perspectiva da sobrevivente.” 

A mudança de foco da minissérie de apenas 6 capítulos é inovadora para um gênero em que, frequentemente, as mulheres são apresentadas como vítimas sem voz. Além de tratar da obsessão de McNamara, “Eu Terei Sumido na Escuridão” também aborda a forma como o abuso sexual costumava ser encarado décadas atrás, o processo de recuperação das vítimas e por que séries e documentários policiais atraem a atenção de tantas mulheres.

De acordo com um estudo da Universidade de Illinois, mulheres são muito mais atraídas pelo “true crime” do que os homens. A CrimeCon, uma convenção anual para fãs do gênero, é frequentada, sobretudo, por um público feminino. Ao tratar do estado mental de McNamara, “Eu Terei Sumido na Escuridão” busca explicar o fascínio feminino pelo mundo do crime. Para a minissérie, mergulhar no trabalho de detetive seria uma forma de automedicação.

“Acho que viver na pele de outras pessoas, ou lidar com este caso, me ajudou a esquecer dos meus próprios traumas,” diz Melanie Barbeau, uma detetive amadora que colaborou com a investigação de McNamara e também foi vítima de abuso sexual. Assim, o gênero do “true crime” pode ser visto como uma forma de terapia para a mulher, criando uma sensação de que a justiça irá prevalecer de alguma forma, mesmo quando não é bem assim.

DeAngelo foi preso, mas não há uma razão satisfatória para os crimes que ele cometeu. E não há punição severa o suficiente que compense a dor de suas vítimas – inclusive, Michelle McNamara.

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