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Dirigido por Matt Reeves, Robert Pattinson encarna Batman gótico.
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The Cure, Joy Division, Bauhaus e New Order são algumas das bandas que novo Batman escuta, de acordo com o diretor Matt Reeves. Afinal, faz todo o sentido um homem adulto que, motivado por um trauma de infância, se veste de morcego para lutar contra o crime em uma cidade chamada Gotham seja um esquisitão gótico.

Em todas as suas versões cinematográficas, de diretores como Tim Burton a Christopher Nolan, Bruce Wayne sempre foi um playboy mais ou menos bem resolvido – mesmo quando Michael Keaton se finge de doido para confundir o Coringa de Jack Nicholson, nós sabemos que aquele não é verdadeiro Bruce Wayne, tão controlado e “cool”.

Pela primeira vez, um diretor ousou retratar tanto o milionário como a sua persona vingadora como os malucos e desajeitados que eles seriam na vida real. Wayne é um cara pálido, de cabelos escorridos e ensebados, o retrato perfeito da depressão. Mesmo vestido de Batman, ele parece profundamente ferido, lacrimejando sempre que lembrado do passado.

Trazer esta vulnerabilidade ao personagem, interpretado de forma tão impactante por Robert Pattinson, não diminui em nada a sua força, muito pelo contrário. Batman é eficaz no que faz justamente por ser um maníaco que vive nas sombras, julgando e condenando os outros de acordo com a própria moralidade.

Ao considerar o morcegão como o herói moralmente dúbio que ele é, “Batman” parte direto para o neo-noir. Compondo uma união perfeita entre tema e estilo, Reeves ressalta o lado mais detetive do vingador e, já que ninguém é santo em um gênero marcado pelo cinismo, também coloca em dúvida o legado da família Wayne.

Após o assassinato brutal de um importante político de Gotham, o detetive Jim Gordon (Jeffrey Wright) pede a ajuda do Cruzado de Capa para desvendar o significado da mensagem deixada pelo assassino – ninguém menos que o Charada, interpretado com um fervor lunático por Paul Dano, que ameaça expor um enorme esquema de corrupção do governo.

De formas diferentes, tanto o Charada como o Batman acreditam estar fazendo o certo. A Mulher-Gato de Zoe Kravitz também acredita em fazer justiça com as próprias garras. Em Gotham, todos têm os seus motivos para aceitar o questionável. Desde a versão estilizada de Tim Burton, a cidade fictícia nunca pareceu tão viva e distinta de uma metrópole qualquer.

Sim, o filme é longo e escuro. O terceiro ato não é tão bem resolvido quanto os outros, mas estamos falando de algo que está anos-luz na frente das produções mais recentes da Marvel pela visão autoral de um universo tão complexo e factível, com personagens tridimensionais e um desfecho propriamente dito.

O Batman gótico é o meu Batman favorito.

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