Apesar de ter protagonizado várias bombas durante a sua carreira, Jennifer Lopez sempre foi boa atriz. Seu talento já era óbvio mais de vinte anos atrás, quando estrelou em “Selena” (1997) e “Irresistível Paixão” (1998). Aos 50 anos de idade, Lopez nunca esteve tão segura de si em um papel dramático quanto a irresistível Ramona de “As Golpistas”, que estreia nos cinemas nesta semana.
Baseado em um artigo da jornalista Jessica Pressler, o filme narra uma série de golpes cometidos por strippers durante a recessão de 2008, quando os clubes de striptease já não podiam mais contar com a “generosidade” dos executivos de Wall Street. Sem dinheiro e com uma filha pequena para criar, Destiny (Constance Wu) se junta ao grupo de Ramona para drogar executivos incautos e zerar o limite de seus cartões de crédito durante várias noites de farra.
Com participações das cantoras Cardi B e Lizzo, a primeira meia hora do filme é pura diversão, pois representa o período das vacas gordas, antes da crise econômica bater. A apresentação de striptease de Ramona é uma daquelas cenas antológicas que devem ficar gravadas na memória por muitos e muitos anos. Depois disso, “As Golpistas” segue em um tom mais sóbrio, mas nunca desinteressante – graças, sobretudo, à atuação cativante de Lopez.
Ramona é um personagem complexo, que protege e ataca com a mesma ferocidade. Ela é uma versão feminina de Dickie Greenleaf, do clássico “O Talentoso Ripley”. Sua presença e sua atenção são como a luz do sol. Quando ela se afasta, tudo é frio. Dirigido por Lorene Scafaria, a mesma de “Procura-se um Amigo para o Fim do Mundo”, “As Golpistas” trata mais da amizade entre Destiny e Ramona do que dos crimes cometidos por elas, dando uma substância maior ao que poderia ser apenas mais um “Oito Mulheres e um Segredo”.