Terça? Quarta? Tanto faz. Durante a pandemia, todos os dias parecem iguais e assustadores. Parece uma mistura de “Feitiço do Tempo” (1993) com Wes Craven – é como “A Morte Te Dá Parabéns”. Já disponível na Netflix, a comédia de terror, ou “terrir”, dirigida por Christopher Landon traz Jessica Rothe em um looping temporal. Todo dia, não importa o que ela faça, ela acaba morta. Até desvendar quem é o assassino mascarado que lhe persegue, ela está presa no dia da sua morte (que é também o seu aniversário).
Rothe interpreta Teresa, ou Tree, uma universitária sarcástica e superficial que, assim como o personagem de Bill Murray em “Feitiço do Tempo”, acaba aproveitando toda a situação para se tornar uma pessoa melhor. Tipo a gente fazendo curso online na quarentena. Após uma noite de bebedeira, ela acorda no quarto de Carter (Israel Broussard), um nerd adorável que adoraria namorar Tree, mas ela não quer intimidade. Ao sair do seu dormitório, os detalhes ao seu redor importam. Pois tudo vai se repetir muitas (e muitas) vezes.
Como terror, “A Morte Te Dá Parabéns” é uma excelente comédia. Os sustos não assustam, não há muito sangue, mas o filme brilha quando abraça a premissa absurda e explora as suas possibilidades. Com roteiro de Scott Lobdell, autor de quadrinhos da Marvel e da DC, as situações são diversas e a direção de Landon torna tudo ainda mais dinâmico. Rothe é carismática e parece se divertir no papel. É até difícil de compreender como que ela ainda não virou uma estrela.
O final de “A Morte Dá Parabéns” é bobo, algumas coisas não fazem sentido, mas nada disto importa. Trata-se de um filme divertido, que lembra a boa safra do terror adolescente dos anos 1990. A influência metalinguística de “Pânico” (1996) é clara, mas em vez de retratar mais uma heroína pura e inocente, a típica “final girl” do gênero, os criadores parecem perguntar “e se a primeira vítima do filme de terror tivesse mais uma chance?”