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Adaptação de Antonio Campos chafurda elenco de estrelas em miséria didática.
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Alguns filmes permanecem conosco muito tempo depois do fim, outros vão embora da memória antes mesmo de terminarem. Lá pela quarta ou quinta tragédia de “O Diabo de Cada Dia”, todas minuciosamente explicadas pela narração, eu já não me importava mais com o destino dos personagens. Baseado no romance de Donald Ray Pollock, a adaptação de Antonio Campos (filho do jornalista brasileiro Lucas Mendes) chafurda um elenco com alguns dos melhores nomes da nossa geração numa miséria didática e impiedosa.

Robert Pattinson, Tom Holland, Bill Skarsgård, Hayley Bennett, Riley Keough, Sebastian Stan, Mia Wasikowska, Eliza Scanlen, Jason Clarke… Ninguém é capaz de salvar “O Diabo de Cada Dia”, embora a performance de Pattinson chegue muito perto. São tantas histórias que se entrecortam, como uma espécie de “Pulp Fiction” do pós-guerra americano, que não sobra muito tempo para elaborar cada núcleo. Assim, as mais de duas horas do filme passam como se fossem quatro, mas sem o envolvimento emocional de uma história mais concisa.

Já disponível na Netflix, “O Diabo de Cada Dia” se passa num universo em que os filhos estão predestinados a repetir os erros dos pais, onde ninguém consegue escapar do próprio destino ou de diversas formas de violência, que vão do abuso sexual até o terror extremo da guerra – nem mesmo o cachorro da família é poupado (recomendo pular o que ocorre por volta dos 28 minutos). No filme, a crueldade em si não seria um problema, se a conexão dos eventos fosse uma responsabilidade do espectador, em vez da narração mal feita. 

A adaptação de Campos da obra de Pollock é como “Magnólia” sem a chuva de sapos, uma desgraceira sem redenção.

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