Se inscreva no canal do Telegram
Dois documentários diferentes abordam o Fyre Festival, um festival de música fracassado que enganou milhares de pessoas.
Compartilhe:

Para receber todas as novidades, se inscreva no canal do Telegram

No finalzinho de abril de 2017, as redes sociais fervilhavam com fotos e relatos de um desastroso festival de música que, até então, havia sido divulgado como um evento luxuoso em uma ilha particular das Bahamas. Com shows de Blink 182, Major Lazer e outros artistas, todos os principais influencers do Instagram confirmaram presença, inclusive top models como Kylie Jenner, Bela Hadid e Chanel Iman. Chegando lá, jovens que pagaram até mais de US$100 mil por um ingresso VIP se depararam com tendas semi-prontas para refugiados, sem energia elétrica ou saneamento básico, e um trágico sanduíche de queijo (uma fatia) para cada um. Os shows foram cancelados, bagagens foram extraviadas e os responsáveis pelo festival desapareceram, causando um prejuízo de milhões de dólares a todos os envolvidos. Quase dois anos depois, temos dois documentários sobre o Fyre Festival, o golpe publicitário que se tornaria símbolo da geração millennial.

Já disponível na Netflix, “Fyre: The Greatest Party That Never Happened” segue a linha temporal dos acontecimentos, culminando na catástrofe que tanto cativou as redes sociais graças ao “schadenfreude” (termo alemão que designa o prazer do sofrimento alheio, ou o bom e velho “espírito de porco”). Os criadores do festival, Billy McFarland e o rapper Ja Rule, haviam contratado uma equipe de filmagem para registrar os bastidores da produção, que acabou se tornando a principal matéria-prima do documentário. Sem qualquer experiência em eventos, que dirá para mais de 10 mil pessoas em uma ilha de infra-estrutura precária, a produção do festival seguiu em frente na base da arrogância, ignorando dúzias de avisos de funcionários diversos. De fato, é um prazer ver a falta de preparo ser recompensada com o fracasso – para a frustração de centenas de jovens das classes mais privilegiadas dos Estados Unidos.

Produzido pela Hulu, “Fyre Fraud” vai um pouco além da sequência dos fatos para tratar, em primeiro lugar, do que tornou o festival tão atraente aos millennilas e como as redes sociais ditaram o hype e a chacota de toda a empreitada. À primeira vista, parece muito mais denso do que o documentário da Netflix, abordando a criação de McFarland, seus inúmeros projetos suspeitos e como o Fyre Festival conseguiu explorar a insegurança de toda uma geração que vive de aparências. “Fyre Fraud”, no entanto, abusa um pouco de recursos engraçadinhos, como vinhetas de desenhos animados, para tornar o assunto mais envolvente e dinâmico do que uma série de cabeças falantes. Há, inclusive, uma entrevista (paga) com o próprio McFarland, em tom defensivo e incapaz de reconhecer as próprias mentiras, todas desmascaradas pelo documentário.

Qual dos documentários é melhor? Ambos são bons, o da Netflix para ter uma noção mais ordenada (e prazeirosa) dos fatos e o da Hulu para compreender um fenômeno tão recente e significativo de toda uma geração.

Tags:

Leia também:

HBO exibe segunda parte do documentário sobre a americana que incentivou o suicídio do namorado.
As qualidades e os defeitos das produções baseadas em crimes reais.
Documentário sobre esquema de pirâmide mistura Fyre Festival com NXIVM
A busca obsessiva por um serial killer e o fascínio feminino pelo "true crime".