Os anos de 2020 e 2021 deveriam ter nos ensinado de que nem tudo ocorre como o planejado, uma lição que seria fundamental à cerimônia do Oscar de ontem. Ficou claro que os produtores decidiram deixar o prêmio de melhor ator por último porque esperavam encerrar a premiação com um momento emocionante, em que Chadwick Boseman venceria o seu merecido prêmio póstumo – mas Anthony Hopkins, que nem compareceu, acabou levando a segunda estatueta da sua carreira.
O final abrupto foi uma conclusão decepcionante, mas condizente com a estranheza de uma celebração mais compacta e discreta, em respeito aos protocolos de segurança da pandemia. Não havia escolha melhor para produzir o evento do que Steve Soderbergh, diretor de “Contágio”. Algumas mudanças no formato vieram a calhar, como o tratamento mais pessoal e íntimo. Faltaram, no entanto, os clipes dos indicados, considerando que muitas pessoas não puderam assistir todos os filmes.
Não houve surpresas nas categorias de melhor filme, direção, ator ou atriz coadjuvantes. A vitória histórica de Chloé Zhao, a segunda mulher a vencer o Oscar de melhor direção e a primeira chinesa em 93 anos, era esperada. “Druk – Mais uma Rodada” venceu como melhor filme internacional e “Soul” como animação. Muitos críticos ficaram revoltados com a escolha de “O Professor Polvo” na categoria dos documentários. Era esperado que “Time”, disponível na Amazon Prime, fosse o ganhador.
Fora as gafes, como a do ator Daniel Kaluuya, que agradeceu aos pais por terem feito sexo, o melhor momento da noite foi rever o cineasta sul-coreano Joon-ho Bong, o grande vencedor do ano passado, em um segmento cheio de amor pela arte do cinema. Sua vitória surpreendente no Oscar de 2020, pouco antes do coronavírus se alastrar por todo o planeta, foi a nossa última celebração coletiva, uma lembrança agridoce de tempos mais felizes.
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