“Star Wars: Os Últimos Jedi” foi lançado em dezembro de 2017 e os fãs mais babacas da franquia (em geral, homens inseguros) ainda estão bravos com o diretor Rian Johnson por subverter as expectativas e dar um tratamento autoral a um produto que, caso obedecesse o padrão da Disney, seria esquecido em questão de semanas. Johnson, no entanto, segue inabalado, com mais um sucesso de crítica e de bilheteria em mãos.
Com um elenco dos sonhos, que inclui Daniel Craig, Ana de Armas, Chris Evans, Jamie Lee Curtis, Don Johnson, Michael Shannon, Toni Collette, Christopher Plummer, Katherine Langford e LaKeith Stanfield, “Entre Facas e Segredos” é um mistério nada típico que brinca com os clichês do gênero de detetive. Após a morte de Harlan Thrombey (Plummer), famoso autor de livros de suspense, o detetive Benoit Blanc (Craig) é contratado para interrogar os vários suspeitos – em suma, todos os parentes do escritor milionário.
Marta Cabrera (Ana de Armas, atriz cubana de “Blade Runner 2049” e do próximo “007”) era a enfermeira de Thrombey e parece ser a testemunha mais confiável de todo o ocorrido, pois é fisicamente incapaz de mentir – só de pensar em contar uma mentirinha boba, ela vomita. Logo, Blanc adota Cabrera como uma espécie de Watson para acompanhá-lo na investigação. Apesar da verborragia e do charme sulista do detetive particular, a verdadeira protagonista do filme é a “Watson”.
Não se preocupe, não vou estragar as surpresas da trama. Basta dizer que há bastante comentário sociopolítico, mas tudo com bom humor e esperteza, além de uma direção de arte caprichada (cheia de passagens secretas e ornamentos extravagantes, a mansão Thrombey é praticamente uma personagem) e de um figurino colorido. De “Bacurau” a “Parasita”, passando por “Nós” e “Ready or Not”, 2019 foi um ano marcado pela temática da luta de classes. “Entre Facas e Segredos” vem da mesma safra, mas de um jeito mais divertido, menos dramático ou assustador.