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Com Bradley Cooper e Cate Blanchett, noir de Guillermo Del Toro é um deleite visual.
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A refilmagem de “Beco do Pesadelo” começa muito diferente da versão original de 1947, com Tyrone Power. Interpretado por Bradley Cooper, Stan Carlisle arrasta um corpo até um buraco no meio de uma sala, ateia fogo na casa e toma um ônibus. Sem destino, ele desce na última parada e se depara com um parque de diversões.

No universo do filme noir – gênero em que protagonistas tomam decisões ruins e enfrentam consequências ainda piores – nada acontece por acaso. Stan consegue um emprego com Clem Hoatley (Willem Dafoe) e acaba se aproximando da médium Zeena e seu parceiro Pete (Toni Collette e David Strathairn) e da beldade elétrica Molly (Rooney Mara).

Com um interesse genuíno pelas atrações do parque, Stan acaba se revelando um “showman” nato. Com Zeena e Pete, ele descobre o segredo por trás do número de adivinhação, um código utilizado por duas pessoas. Entusiasmado com a conquista da nova habilidade, ele se arrisca cada vez mais e acaba se tornando “o Grande Stanton”.

Com direção do mexicano Guillermo del Toro, vencedor do Oscar de 2018 por “A Forma da Água”, “Beco do Pesadelo” é um deleite visual do começo ao fim. Na primeira parte, del Toro se esbalda nas cores e na excentricidade do parque, fazendo referências a obras como o cult “Monstros”, de Tod Browning.

Já na segunda metade, com o sucesso de Stan em sofisticados clubes noturnos, frequentados pela nata da sociedade, os enquadramentos se tornam ainda mais precisos e a direção de arte se delicia na grandeza da arquitetura art deco. É também nesta parte que surge a Dr. Lilith Ritter – a estonteante Cate Blanchett e perdição final de Stan.

Cooper está muito bem no papel de Stan, mas Blanchett incendeia a tela sem dizer uma palavra, apenas com o olhar. É uma pena a atriz ter nascido em 1969, pois ela poderia ter sido a maior femme fatale da década de 1940, competindo com Barbara Stanwyck e Jane Greer. Seria um pecado não reunir Blanchett e del Toro novamente.

Com meia hora a mais do que o original, “Beco do Pesadelo” pode parecer arrastado para a maioria dos espectadores, mas tem se tornado tão raro ver um filme feito para adultos e com tanto esmero na produção, que eu não me importei. O figurino é impecável, a direção de arte é perfeita e a fotografia de Dan Laustsen é deslumbrante.

“Beco do Pesadelo” concorre em quatro categorias do Oscar, inclusive melhor filme.

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