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Com Kaitlyn Dever, ficção-científica quase muda é cinema puro.
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Há pouco tempo, tive de escrever a crítica de um filme (em breve, na Folha de S. Paulo) que insistia em verbalizar cada pensamento da protagonista. Não bastava um olhar da atriz, era preciso dizer em voz alta caso o espectador fosse muito burro para deduzir as emoções estampadas em seu rosto.

Filmes assim são feitos, talvez, levando em conta o hábito do espectador em deixar algo passando na Netflix enquanto mexe no celular ou faz faxina em casa. Você não precisa da imagem, mas de um podcast. Estranhamente, esse filme do parágrafo acima vai estrear nos cinemas, enquanto “Ninguém Vai Te Salvar”, de pouquíssimas palavras, foi direto para a Star+.

Dirigido por Brian Duffield, roteirista de filmes como “A Babá” e “Amor e Monstros”, “Ninguém Vai Te Salvar” é uma ficção-científica estrelada por Kaitlyn Dever, de “Fora de Série” e da excelente minissérie “Unbelievable”. Dever interpreta Brynn, uma garota que quase não fala porque ela não tem com quem falar.

Brynn mora sozinha numa bela casa do interior dos Estados Unidos. Quando precisa ir até a cidade, ela tenta resolver seus afazeres o mais rápido possível, evitando contato com os outros e até se escondendo pelos cantos. Pela reação das pessoas, fica claro que ela foi “cancelada” por algo muito pior do que roubar o café da manhã da vizinha.

Uma noite, ela ouve barulhos estranhos em sua casa. Seriam seus seguidores do Twitter exigindo explicações ou algo muito, mas muito pior? Pelo pôster de “Ninguém Vai Te Salvar”, é claro que estamos falando de alienígenas. O que acontece quando extraterrestres invadem a casa de alguém que não tem a quem pedir socorro, uma pessoa ALIENada?

“Ninguém Vai Te Salvar” é muito bem coreografado e depende quase que inteiramente da imagem. Se não estiver disposto a prestar atenção, não assista. Nos primórdios do cinema, Charlie Chaplin e Buster Keaton costumavam competir para ver quem conseguiria fazer um filme com a menor quantidade de cartazes com falas – trata-se, por fim, de uma arte visual.

A ficção-científica perde o fôlego quando começa a explicar o motivo do cancelamento de Brynn, informação que eu poderia ficar sem, pois é muito mais divertido imaginar do que saber. Mesmo assim, o diretor ainda consegue levar o filme para um caminho inesperado e sempre criando imagens surpreendentes e assustadoras, ainda que quase silenciosas.

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